Subimos a Acrópole como quem carrega o peso de toda uma cultura que nos
informou ao longo dos tempos. Somos um pouco Gregos todos nós, nesta Europa que
teima em excluir a cultura das nossas vivências. Declamámos Pessoa num dos
anfiteatros da Acrópole, querendo partilhar com os deuses a “nossa” genialidade,
acreditando que as nossas vozes cheguem ao Olimpo, onde todos os deuses nos
vigiam e protegem.
A porta da Acrópole transporta-nos para outra dimensão, onde cabem todos os
nossos sonhos, anseios e medos. Sentimo-nos omnipotentes, protegidos contra os
invasores e os inimigos como no passado. Ao longo dos tempos serviu de protecção,
hoje de memória. Todos os alunos tomam contacto com esta cultura de forma a
compreenderem os fundamentos da cultura europeia.
Admiramos uma paisagem única, de uma Atenas a descobrir, sob a protecção da
deusa Atena. Ficamos impressionados com a magnitude do local e particularmente
com o Pártenon (templo dedicada à deusa Atena, protetora da cidade). Maravilhamo-nos
com a casa da Democracia, que os nossos tempos teimam em querer apagar.
Sentimo-nos no topo do mundo, daquele mundo que os nossos antepassados nos
legaram e que nós, de forma responsável, devemos transmitir às novas gerações. Os
nossos alunos calcorrearam estas ruinas com o sonho de descobrirem dentro deles
aquilo que sempre lá esteve: alegria, amizade, cultura europeia e um pensamento
universal que liga todos os povos.
Experienciaram no berço da cultura e do pensamento europeus um verdadeiro encontro
de culturas. Partilharam com Turcos, Gregos e Lituanos a cultura lusa,
acreditando que só destas vivências se constrói uma verdadeira Cidadania
europeia.
Olhamos o mar outrora “Nostrum”
hoje barreira mortífera para muitas gentes, que atraídos pelo sonho europeu calcorreiam
desertos de África e Ásia.
Saboreamos a brisa fresca da manhã que nos desperta do entorpecimento da
noite e caminhamos em direcção ao templo de Posídon. Sítio de uma beleza
paisagística impar e de um espaço arqueológico importante, com um fantástico
templo em honra de Posídon, deus do mar. Aqui observamos a quietude do Mar Egeu
enquanto os alunos e professores bebiam, de forma sôfrega, as informações
apresentadas pelos nossos guias. O cabo Sunião era, segundo la lenda, o lugar
onde Egeu se teria lançado ao mar, fruto do desespero da perda do seu filho. Teseu
tinha prometido a seu pai que se saísse vitorioso do seu combate contra o
Minotauro, içaria velas brancas no seu barco, se morresse, a tripulação deveria
deixar as velas negras no alto mastro. Egeu que o esperava, viu chegar ao longe
o barco com grandes velas negras, porque Teseu se tinha esquecido de içar as
brancas, e tomado de grande desespero atirou-se do alto das rochas para o mar.
Daí provém o nome do Mar Egeu.
Experiência singular para quem acredita que só através da cultura podemos
unir todos os Homens!
José Liberato